Perseguições policiais fizeram 19 mortos desde 2004
De 2004 até este mês houve 19 mortes causadas por perseguições policiais.
Só este ano já houve três. Motivo suficiente para o inspector -geral da Administração Interna quebrar o silêncio e alertar que estão a acontecer "demasiadas mortes" . Varges Gomes manifesta a sua "profunda preocupação" e sublinha que se "corre o risco" de se "tornar uma prática".
Desde 2004 morreram 19 pessoas em perseguições policiais. Segundo dados da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) a que o DN teve acesso, foram abertos 15 inquéritos relativos a 16 mortes (um dos processos tem duas) entre 2004 e 2008, das quais oito ainda não foram decididas pelos tribunais.
Em quatro dos sete casos de mortes de suspeitos, a decisão do tribunal foi de condenação do elemento da força de segurança. Três foram absolvidos. A tendência judicial é pela punição dos polícias. O Inspector-Geral da Administração Interna quebrou o silêncio e disse, ao DN, que há "demasiadas mortes" em perseguições policiais, situação que considera "preocupante."
…O Inspector-Geral da Administração Interna, Varges Gomes, entende que a situação "é preocupante" e, pela primeira vez desde que tomou posse, há seis meses, quebra o silêncio: "Há demasiadas mortes. São sempre demais. Corre-se o risco destas actuações se tornarem uma prática e não se podem considerar normais estes casos. Têm que ser sempre excepcionalíssimos".
O juiz-desembargador vê "com apreensão" algumas perseguições. "Há casos que não se justificam", defende, lembrando as palavras do seu antecessor, Clemente Lima. "Ninguém pode ser condenado à pena de morte por não parar num sinal vermelho ou numa operação stop", dizia o anterior "polícia dos polícias", a propósito de situações dessa natureza que tinham acontecido na altura. Varges Gomes subscreve e acrescenta: "Diria mais, ninguém pode ser punido com pena de morte por razão nenhuma".
O inspector-geral compreende que "há situações inevitáveis: vivemos numa sociedade de risco e isto potencia estas reacções por parte das forças de segurança, mas a vida é um direito fundamental, e é preciso fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que as mortes, ou ferimentos, nestes casos, sejam apenas em legítima defesa, como mandam as regras de actuação policial. http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1224169
“O Acaso, dizemos. Mas o acaso assemelha-se-nos.
Georges Bernanos
